controvérsia futebolística

Foi uma primeira parte de fraca qualidade. Os primeiros quinze minutos revelaram um Benfica a apresentar cansaço físico mas, acima de tudo, cansaço mental que o tornou uma equipa apática e sem ideias. Ao mesmo tempo, o Sporting apresentou-se bem organizado defensivamente, muito bom na pressão, realizando para isso Moutinho e Liedson un papel preponderante. Várias foram as vezes em que David Luíz, Luisão e Javi Garcia falharam na construção do jogo ofensivo, andando por esta altura Carlos Martins pouco esclarecido, Ramires e Di Maria perdidos no tempo de saída para a procura da bola, Éder Luís sem abrir linhas de passe e os laterais com medo de Djalló e João Pereira. Era então uma equipa a dizer à outra que podia passar o jogo todo sem fazer nada porque não estava preocupada em ganhar (até porque o seu adversário directo empatou este fim de semana) e outra equipa a lutar contra si mesma e contra uma pressão alta a que não está muito habituada.

Ao intervalo via-se que o jogo precisava de Aimar. A opção Éder Luis foi um flop por isso foi natural a saída do brasileiro. Do lado do Sporting, notava-se ausência de ambição mas também ao intervalo a estratégia mudou. Como o Benfica precisava de atacar com os laterais, o objectivo passaria pelo meio campo leonino cruzar as bolas para o flanco oposto onde estava aproveitando o espaço nas costas de Coentrão e Amorim. Não deu tempo para ver se resultava porque o Benfica resolveu o seu problema e foi para cima do Sporting. Aimar foi decisivo pelas suas movimentações e na constante abertura de espaços entre Pedro Mendes e Miguel Veloso.

Com Aimar, melhorou também a produção ofensiva dos laterais do Benfica, preponderantes para o primeiro golo. Amorim desiquilibrou na direita, Coentrão apareceu na esquerda para Cardozo facturar. O Sporting teve que subir e trocou peças defensivas por ofensivas. Saleiro não se viu, Matias também não. O Benfica estava muito consistente e com confiança suficiente para esquecer o cansaço psicológico inicial. Foi altura de Ramires melhorar o seu nível de jogo, Kardec lutar o dobro de Cardozo, Carlos Martins dar o estouro (quando Di Maria já o tinha dado há muito tempo) e saír para a entrada de Airton.

Boas exibições de Ruben Amorim, Aimar, Liedson e Pedro Mendes. Nota negativa para Javi Garcia, Éder Luis e Di Maria do lado do Benfica e Grimi, Miguel Veloso e Djalló do lado do Sporting.

Uma nota: Aimar foi decisivo e fez 45 minutos de altíssima qualidade mas importante é referir também que do outro lado esteve um jogador que tudo o que fez foi bem feito (excepto um remate torto), pena é que se note tão pouco. Obviamente, falo de Liedson. Grande, grande jogador.

Deixo para o fim a arbitragem. João Ferreira fez boa exibição. No critério técnico falhas de pormenor dos árbitros auxiliares em lances de canto ou lançamento mas nada de especial. No critério disciplinar, aguentou o jogo como pôde. Bem nos amarelos (a Patrício, para evitar demoras na reposição ainda na primeira parte), e, para mim, bem na admoestação a Luisão. Não justificava vermelho naquele lance e parece-me patético compará-lo com o golpe de karaté kid de João Pereira (não vi o de Izmailov). Fica o penalty de Grimi sobre Cardozo (no lance em que se lesiona) mas de dificil julgamento pela questão da intensidade. De resto, boa exibição dando-se pouco por ele.