E que bela maneira para publicar o centésimo post da Superliga com um clássico como o Benfica-Porto como cabeça de cartaz. É mesmo por este jogo que passava toda a atenção desta semana futebolística por isso tentaremos dissecar essa partida:
Estranhamente, o estado de espírito que se vivia antes da partida começar, era de extrema confiança para o lado dos benfiquistas e algum nervosismo do lado portista. Pensei que, dada a euforia (quase sempre premeditada) dos benfiquistas e o excessivo rigor portista estariam a levar as situações aos seus extremos. É que nem o Benfica jogou muito bem contra o Milan (o seu domínio foi quase sempre consentido pelo seu adversário), nem o Porto jogou tão mal em Anfield (vi o jogo a espaços e pareceu-me que o resultado estava bem controlado até ao erro de Stepanovs).
O jogo começou com os 11 previsíveis: um Benfica de contenção em 4*5*1 e um Porto no habitual 4*3*3. Aos 45 segundos de jogo, Nuno Gomes falhou um golo certo e nos 5 minutos seguintes sentiu-se nervosismo do lado do Porto e confiança do lado do Benfica. Teria sido este o resultado de 3 dias de gestão europeia? Claramente.
Rapidamente o Benfica deixou de pressionar, passou a defender atrás da linha do meio campo e o Porto ganhou confiança e assumiu o jogo. Lucho e Raul Meireles começaram então a ganhar preponderância numa zona do terreno onde Petit e Katsouranis andaram, quase todo o tempo, perdidos. A bola chegava aos pés de Quaresma ou Sektioui e o jogo ganhava outra dimensão, outra velocidade. O Benfica era sufocado e não consegui saír, sobretudo pelos constantes erros na construção de jogo onde os médios centro foram uma nulidade. Rui Costa foi o único a pensar mas esteve uns furos abaixo do que nos habituou.
O intervalo aproximava-se e o jogo, estranhamente, partiu. E foi dessa quebra que resultou o golo portista. Uma perda de bola infantil de Cristian Rodriguez (em abaixamento de forma há 3-4 partidas), com Leo desposicionado, Quaresma partiu para cima de David Luíz (4-5 erros graves a demonstrarem uma imaturidade enorme) e, na cara de Quim, resolveu a contenda.
Para a segunda parte, os técnicos não trouxeram nada de novo. Camacho, como sempre, achou por bem fazer as substituições rotineiras do costume: Katsouranis (confuso) por Cardozo (desesperado) e o recuo de Rui Costa, Maxi por Di Maria (emprestando à equipa mais velocidade e talento) e Nuno Gomes (displicente) por Adu (numa tentativa de ter alguém no meio que soubesse finalizar). Jesualdo Ferreira limitou-se a gerir o plantel: Tarik (incisivo) por Postiga (desastrado), Quaresma (decisivo) por Mariano e Meireles (equilibrador) por Bolatti. Homem por homem com a nuance de Lisando (grande jogo, apenas errou frente a Quim falhando o golo inicial aos 40 minutos) ter acabado o jogo como extremo.
No fundo, o Porto teve 2 chances claras de golo onde concretizou uma, enquanto que o Benfica teve 3 (2 a abrir cada meio tempo por Nuno Gomes e um bom remate de Adu) e não as aproveitou.
Do lado do Benfica, as exibições de Luisão, Luis Filipe, Petit, Katsouranis, Nuno Gomes e David Luíz deixaram muito a desejar tendo apenas Leo e Rui Costa apresentado-se a um nível razoável. Do banco, nada de novo surgiu sendo que Di Maria nota-se que é um jogador forma daquele esquema de jogo, tornando-se demasiado individualista. No campo oposto, belas exibições de Bruno Alves (ganha TODAS as bolas de cabeça), Bosingwa, Lucho (impressionante a forma como marca os ritmos de jogo de uma equipa) e Lisandro. Quaresma foi decisivo e é ele que deve ser eleito como a figura do jogo. Agora, sete pontos de distância deixam bem patente a diferença de qualidade entre as duas equipas. Porque ela existe e este jogo bem o demonstrou.
No resto da jornada, destaque para mais um empate do Sporting, agora frente ao último classificado onde teve um pouco de azar (sofreu o golo a jogar com 9 jogadores) mas também demonstrou graves lacunas defensivas, onde a transição ataque-defesa está a ser feita de forma deficiente. Penso que ofensivamente o Sporting não está mal mas as compensações defensivas são a grande pecha actual da equipa.
Boas vitórias de Naval e Estrela Amadora, a ganharem espaço de manobra frente a rivais directos para a manutenção e o Braga a recuperar terreno para a Europa.
Equipa da semana: Porto (tem TUDO para revalidar o título).
Jogador da semana: Mateus (apontou um bis decisivo na vitória do Estrela Amadora)
Golo da semana: Quaresma (parece simples, não parece?)
Treinador da semana: Jesualdo Ferreira (este jogo serviu para recuperar animicamente alguns jogadores).
Positivo da semana: O aumento de interesse na zona europeia e na zona de despromoção.
Negativo da semana: o desinteresse no topo do campeonato após o aumentar da vantagem pontual do Porto.
Triste da semana: Rui Patrício (continua a falhar, ele que até parece ter potencial)
A rever: a reacção positiva dos jogadores do Porto a um desaire, o bom momento de forma da Naval de Ulisses Morais (3 vitórias consecutivas) e um Braga capaz de virar um resultado negativo em positivo.
# publicada por Kramer : segunda-feira, dezembro 03, 2007