controvérsia futebolística

O clássico aparentava poder decidir o título mas tal só se daria caso o Porto vencesse. Talvez por isso tenha começado o jogo melhor, sentia-se mais à vontade, mais confiante e, convenhamos, o seu sistema de jogo permite-lhe chegar mais rapidamente à baliza do adversário. Mas esse sistema de jogo teve uma inovação: Jorginho, na posição 10, Quaresma na esquerda a trancar as subidas de Nélson e o lado direito (praticamente) vazio sendo que Lucho era o homem que deveria tentar incomodar Leo. A este sistema, respondeu Fernando Santos com o 11 titular dos últimos tempos: Simão a 10, nas costas de Nuno Gomes e Miccoli, um meio campo com 3 unidades mas pouca velocidade de execução e de passe.
O Porto dominou a primeira parte e o seu golo premiou a melhor qualidade de jogo que apresentou. Na verdade, pouco mais fez para chegar ao golo (apenas um lance em que Adriano isola-se e Quim rouba-lhe a bola com uma grande defesa) e só de bola parada é que Pepe, libertando-se de Anderson, apareceu para marcar um golo que dava (ainda mais) tranquilidade aos azuis e brancos.
Fernando Santos teria que trazer algo de novo à equipa e por isso lançou Rui Costa. Não deu nas vistas mas foi pela qualidade no passe (inúmeras vezes libertou Leo na esquerda), pelo equilibrio e segurança que desempenhou um papel decisivo na qualidade de jogo que o Benfica apresentou na segunda parte. Também Nuno Gomes mudou um pouco o seu papel, apareceu mais vezes atrás, a tabelar com quem aparecesse mas não foi feliz. O golo viria a aparecer, também de bola parada, com David Luíz a aparecer na zona que era de Katsouranis (que já fora substituído) e a cabecear ao poste com Lucho a fazer um auto-golo um pouco estranho. Era feita justiça numa segunda parte onde o Porto mal existiu (apesar das boas ocasiões de Renteria e Cech) e o Benfica apresentou um futebol ofensivo, rápido (Rui Costa importantíssimo a imprimir velocidade à bola) e onde apenas faltou uma primeira parte ao mesmo nível. O Porto viu-se condicionado pela lesão de Raul Meireles mas Jesualdo também não foi capaz de tirar da cartola o joker para resolver a questão na segunda metade da partida.
A nível individual, destaque do lado portista para Helton pelas intervenções finais na partida a segurar o empate, Bruno Alves que, apesar do amarelo no 2º minuto, fez um jogo consistente e seguro, Pepe que continua a revelar qualidades muito acima da média, sendo ele o patrão da defesa portista. Pela negativa, Quaresma que não apareceu praticamente em jogo e Jorginho que nunca foi o jogador que o Porto precisava para aproveitar os espaços deixados por Adriano.
Do lado do Benfica, destaque para David Luíz que fez uma exibição repleta de personalidade e foi decisivo no golo, para Rui Costa e Karagounis pela capacidade em libertar jogo e permitir as subidas de Nelson e Leo pelas alas, sendo que pela negativa se destacaram Anderson em mais uma exibição demasiado nervosa e com responsabilidade directas no golo de Pepe e Nuno Gomes que, não só não teve ocasiões de golo, como não foi capaz de criar jogo para os seus companheiros. Simão também esteve uns furos abaixo do habitual e não foi ágil o suficiente para se soltar da marcação de Paulo Assunção.
No cômputo geral, o empate aceita-se, sendo o Porto o principal beneficiado visto que, nos 7 jogos que faltam jogar, tem o calendário mais acessível.