quarta-feira, maio 10, 2006

Análise Superliga_4

O titulo:

O Benfica tinha a responsabilidade de carregar aos ombros o título de campeão alcançado a época passada. Apresentava-se com um novo treinador, de curriculum curto mas da nova escola europeia: um jogador de sucesso recheado de títulos mas com um palmarés de treinador ainda curto. Era uma incógnita mas havia confiança na equipa. Equipa essa que se reforçou. Nélson, Anderson, Leo, Beto, Karyaka, Karagounis, Miccoli. 5 internacionais e um reforço interno que, apesar de tudo, veio trazer competitividade ao sector mais fraco do Benfica. A defesa estava agora mais consistente mas os "cromos" Karagounis e Miccoli, quase sempre com problemas físicos, nunca provaram que o investimento neles foi positivo. Foram 2 armas inconstantes. Como em Dezembro a equipa ainda estava longe do 1º lugar, Veiga resolveu dar mais presentes a Koeman: Moretto para suprimir a ausência prolongada de Moreira e 4 reforços para a frente, nenhum deles a provar que merecia o nome de reforço: Manduca, Marco Ferreira, Robert e Marcel. A constante alternância no 11 (Koeman raramente repetiu a mesma equipa inicial) nunca ofereceu sinais de estabilidade. Apesar de ter conseguido mais 2 pontos do que Trappatoni na época transacta e de ter derrubado barreiras míticas como a dupla vitória no Dragão, a vitória no Bessa e a eliminação do Man Utd e do Liverpool não apagam a pálida imagem que Koeman deixou em terras da Luz. Quem não se lembra da táctica de Lille com 4 centrais e 2 laterais a fazerem de extremos? A solução passou sempre por "esperar para ver" do que "atacar o adversário".
Essa foi a táctica do Porto que partia em desvantagem relativamente ao Benfica. Sofreu uma autêntica revolução no plantel, viu o capitão e símbolo Jorge Costa ser literalmente encostado até saír em Dezembro e Helton roubou o lugar cativo de Vitor Baía que chegou a perder a braçadeira, imagine-se, para Lucho Gonzalez. Eliminada a imagem de monstros sagrados, cabia a Co Adriaanse provar que esse era o melhor caminho. A eliminação da Liga dos Campeões e as fracas exibições, principalmente caseiras, fê-lo ver lenços brancos. Foi então que apareceu a solução-Quaresma. Pode-se mesmo dizer que foi ele que (em conjunto com Pinto da Costa que renovou o contrato ao treinador em tempo de críticas agrestes) susteve Co Adriaanse no banco. O fogo de Quaresma esvaneceu no final de temporada, na verdade, apenas um jogador foi constante todo o ano: Lucho Gonzalez foi, sem dúvida, o jogador do ano. Pepe e Paulo Assunção foram também muito importantes mas no primeiro terço do campeonato não desempenharam um papel tão importante. A rotatividade foi feita de maneira diferente: o jogador se não produzisse bem durante 3-4 jogos era afastado do 11 sem aviso prévio. Assim foi com Lisandro, Sonkaya, Jorginho e Vitor Baía. Nos momentos decisivos, foram jogadores menos utilizados a garantirem as vitórias: Cech com Gil Vicente, Hugo Almeida com Académica, Jorginho com Sporting. O plantel estava preparado.
A linha ténue do sucesso e do fracasso estabelece a diferença entre Adriaanse e Koeman. Se os títulos trocassem de dono, seria fácil criticar Co Adriaanse e defender Koeman. Mas essa linha ténue está lá para algo...
Por fim, o Sporting. Havia a desconfiança inicial com Peseiro. A perda de Barbosa, Rui Jorge, Rochemback e Hugo Viana não foram bem compensadas com as chegadas de Edson, Wender (dispensados em Janeiro), L. Loureiro, Deivid, J. Alves (inconstantes e pouco produtivos). Apenas Tonel se revelou boa aquisição. Peseiro durou o tempo que se esperava e entrou Paulo Bento que conseguiu arrumar a casa e optimizar os recursos que tinha. Com ele veio também Carlos Freitas (o grande obreiro do título de 5 anos antes) e as soluções milagrosas Abel e Caneira que, juntamente com Ricardo, Polga e Tonel apenas permitiram 5 golos na 2ª volta! No meio campo, Moutinho foi o mais completo jogador, tendo-se afirmado como imprescindível. Carlos Martins apareceu a espaços, soltando o seu génio, Sá Pinto esteve no melhor e no pior, Nani trouxe fantasia e imaginação. No ataque, Liedson esteve aquém do esperado, mas, mesmo assim, foi várias vezes decisivo. Faltou-lhe companhia...Tal como o Porto, também houve golos milagrosos: Caneira com Nacional, Koke com Gil Vicente, Nani com Leiria e Tonel com Boavista. Mas, no jogo decisivo, Paulo Bento foi infiel ao seu esquema, arriscou demasiado para seu gosto e...perdeu. Merece o 2º lugar pela forma como maximizou um "produto" que não vale assim tanto...

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