controvérsia futebolística

Antes demais, importa esclarecer que foi em consonância com o Kramer que surge este segundo post, como não poderia deixar de ser.

Agora, vamos ao que interessa. Sporting e Benfica encontraram-se em Alvalade num jogo muito importante para ambos, e não só para o Benfica. Tinha dito antes da partida que não era jogo para mudanças, o que era como quem dizia - Não valia a pena inventar.

Pois bem, Peseiro apresentou o 11 esperado face às ausências (Beto, Edson e Custódio), e manteve o esquema táctico que transformou o Sporting numa equipa de futebol atractivo (embora pouco eficaz). No Benfica faltava Petit, e apetece dizer que fez muita falta. Mais falta fez ainda ao Benfica um treinador que entendesse os recursos que tinha à sua disposição.

Sporting com Rogério, Tonel, Polga e Tello na defesa. Meio campo com Loureiro na retranca, Sá Pinto descaído para direita (preferencialmente), Moutinho no meio e Douala na esquerda. Ele e Sá Pinto trocariam amiúde de posição. Na frente a receita do costume: Liedson e Deivid. O benfica, era um mar de equívocos... 3 centrais em portugal - Nunca! A não ser que se jogue sem laterais, e aí seriam 3 defesas o que em Portugal - NUNCA!! Pelas próprias características das equipas. Ninguem joga com 2 pontas (é raro, o Sporting até o faz, mas Liedson e Deivid mexem-se muito, abrem espaços, obrigam os laterais a atropelarem-se com os centrais, abrem espaço no meio que nunca é aproveitado). Depois aquele meio campo com Karagounis e Manuel Fernandes no meio... Ui. Não me lembro de uma bola roubada por um deles a João Moutinho ou Sá Pinto. João Pereira na direita... não sabia se marcava Douala, se ia incomodar Tello, se para isso estava lá o Carlitos... Houve excesso de lateralização. Do outro lado a mesma coisa com Nelson e Simão, embora Simão inteligentemente caísse para o meio, abrindo espaço para Nelson. Geovanni faria o mesmo do outro lado. Carlitos... Uiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Na frente, Miccoli - tão pouco. O Sporting entrou cauteloso, mas com bola. Via-se que a preocupação era fazer devagar, mas com segurança. A bola circulou e bem, mas Sá Pinto e Moutinho nunca entraram na área do Benfica para aproveitar a movimentação de Liedson e Deivid. Era um Sporting muito seguro, mas francamente insipido.
Era preciso alguem assumir-se e esse alguém começou a ser João Moutinho. Douala não dava para tudo, e Moutinho teve a inteligência para, não descurando o que lhe havia sido pedido, começar a criar perigo do sítio de onde o deixavam ir. De fora da área começou a rematar. O Sporting continuava ganhar a segunda bola, por via do posicionamento de Moutinho e Sá Pinto, ao passo que Karagounis e Manuel Fernandes estavam perdidos... E sem ajuda.
Moreira realizou grande defesa a remate de Moutinho e do canto surge um grande golo de Luís Loureiro. O Sporting estava em vantagem, e podia dizer-se que era merecida, embora se o resultado ao intervalo fosse de 0-0 ninguém pudesse dizer que era injusto.
Para a segunda parte Koeman trouxe Nuno Gomes e tirou João Pereira (tacticamente uma nulidade, nem sabia se atacava, se defendia, se o seu homem era Douala, se era Tello, se Era carlitos que tinha que ir à linha, se era ele - mas tem um penteado engraçado). Não resolveu foi o problema do meio campo. E ainda pediu a Carlitos para ajudar a defender (as hipóeteses disso acontecer eram nulas). O Benfica começou a dizer aos seus laterais para marcarem um dos avançados do SCP, e isso abriu muito espaço nas suas costas. Bola perdida a meio campo, rapidamente colocada para Liedson que estava a ser marcado pelo defesa esquerdo (porque trinco não havia) e sobra para Rogério. Rocha vê duzentos metros nas suas costas e opta pela falta, que foi demasiado espalhafatosa - esse foi o seu pecado. Acabou expulso. E Koeman? Pedia-se que reequilibrasse a equipa. Carlitos realmente tinha que sair, para entrar alguém que pudesse jogar à esquerda na defesa. Nelson podia ser esse homem, mas Koeman esqueceu-se que o Sporting tinha um defesa esquerdo, que por acaso até é um médio... Tello começou a aparecer em jogo e vai daí desata a rematar de longe. Na sequencia de um desses remates, a bola sobra para Liedson que a envia para a baliza, mas luisão salva em cima da linha de golo (depois de Rocha já o ter feito na primeira parte). A Koeman bastava encostar Micolli à direita... Só para pôr Tello em sentido. Da mesma forma que Simão fez com Rogério... Ou então tirar Micolli e lançar Geovanni... Chama-se a isto equilibrio e o Benfica nunca o teve. Porém, chegou ao golo da primeira vez que chegou à baliza do SCP (desde que estava em desvantagem) mas não tratou de corrigir nada... Deixou-se andar. Meteu Alcides para o lugar de Karagounis. Ou seja, Alcides para o lugar de Beto, E Beto para o de Karagounis - Efeito prático zero, para além da maior frescura (frescura estava longe de ser o maior problema do Benfica). O Sporting continuou a pressionar (teve 5 minutos de desnorte) E Nelson tirou pela terceira vez a bola da linha de golo (a remate de Sá Pinto). Pouco depois Liedson fz o 2-1. Tello foi por ali e meteu a bola na cabeça de Liedson. Este fez o que sabe - Resolveu. DEpois disso Wender ainda tentou o 3-1 (grande remate, grande defesa de Moreira) mas o SCP teve a atitude competitiva de sempre - tremeu e o Benfica podia ter empatado por Luisão, que acossado por Nelson falhou incrivelmente. Apesar desse lance raramente se sentiu que a vitória fugiria ao SCP. Porque o Benfica não mostrava capacidade, e porque se sentia que se acelerasse o terceiro golo era possível. O jogo chegou ao fim, com a vitória da melhor equipa em campo (longe, muito longe de ser brilhante). O Benfica precisa de rever processos, o Sporting precisa de se assumir como equipa madura.

Figuras:
Sporting: Tonal (muitíssimo seguro, permitiu à equipa jogar alto), Liedson (resolveu) e... Luís Loureiro (excedeu-se).
Benfica: Moreira (grandes defesas a remates de João Moutinho, Tello (2 vezes) e Wender) e Simão (li em todo o lado que jogou mal - Eu acho que esteve bem. Na primeira parte foi inteligente a procurar o interior do campo, na segunda ainda mais ao fixar-se ao pé de Rogério quando este deu o berro - e fez o golo, embora com muita felicidade).

Notas para o banco:
Peseiro - 6,5 (inflaccionado pela vitória)
Koeman - 0 (um zero rotundo, tem que perceber o que quer fazer, e apostar em dois dos centrais - Chama-se a isso ter coragem).