controvérsia futebolística

Tem 4 jogadores para começar a época. Todos eles com ordenados em atraso. No fundo, são os “sortudos azarados” que assinaram por mais de uma época. Os outros já fizeram as malas e seguiram para outro desafio. Estes 4 não. Esperam uma solução que não se encontra em lado nenhum. E os principais accionistas também não a procuram… É o caso do Alverca, clube ribatejano que alcançou algumas boas supresas quando chegou à Superliga mas sempre se caracterizou por andar na sombra dos grandes e ser muito pouco apoiado. Os seus jogos tinham, em média, 1.500 espectadores. Uma pobreza para um clube que chegou a aspirar voos maiores.
A história do Alverca, penso que não é difícil de descrever. É um modelo habitual no nosso campeonato: clube pequeno, homens ricos no poder, negócios imobiliários por detrás, amizades com os grandes, montra para jovens talentos, etc. Por ali passaram Bruno Aguiar, Maniche, Deco, Ramirez, Vargas ou os consagrados Ovchinnikov e Peixe.
Se bem me lembro, o Alverca começou por ser clube satélite do Sporting. Os leões viam ali um bom sitio (bem localizado dada a proximidade) para colocar os seus jovens jogadores. O projecto não resultou, e o Sporting virou-se para o Lourinhanense (clube que ainda recentemente foi clube satélite do…Alverca!).
Em seguida, veio uma aliança não declarada com Porto e Benfica. Luís Filipe Vieira era benfiquista mas também amigo de Pinto da Costa. Com ele, diz o presidente portista (que entretanto já disse que não se conhecem…a história do costume), festejou vitórias do Porto sobre o Benfica, sinal da forte aliança que o Alverca tinha com o Porto. O clube do Ribatejo serviu de ponte para Deco, Ovchinnikov, Caju, entre outros. Ricardo Carvalho, o próprio Caju foram emprestados pelos dragões. Também deu bronca esta relação, principalmente quando Mantorras assinou pelo Benfica num negócio que até hoje é a maior incógnita da história deste clube. O Benfica teria pago 1 milhão de contos por metade do passe do jogador. Um valor altíssimo para o verdadeiro valor do atleta mas uma verba que, pelos vistos, nunca deu entrada nos cofres do Alverca. Entretanto, LFV sai do Alverca e ruma a Luz. Manuel Bugarim assume a presidência, apostado em manter a rota de gestão da antiga direcção. Nos anos que se seguiram, vários foram os jogadores negociados entre os dois clubes, sempre sem se perceber muito bem os contornos do negócio. Hoje o clube está à beira de fechar as portas por incumprimento no pagamento a fornecedores. Ao que sei, o Alverca sempre tentou cumprir ao máximo com o pagamento das dívidas ao Estado e aos atletas. Fica a dúvida: má gestão ou destino normal para os clubes que tentam regularizar as suas dívidas de impostos?

Nota: O Campomaiorense quando fechou portas, o seu presidente foi claro: O clube não dá dinheiro, é um prejuízo mantê-lo. Mas as dívidas ao estado também estavam saldadas…