sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Sporting_5

José Peseiro, no início do ano, prometeu futebol espectáculo. Muitos se riram com as primeiras exibições leoninas...afinal, em 5 jogos perdeu 2, apenas ganhou 1 e mexeu 4-5 jogadores de jogo para jogo. As indefinições e alterações constantes que apresentou no início do ano já raramente ocorrem. Hoje em dia, quando um jogador é chamado ao banco para entrar, já existe uma ideia na bancada de quem irá saír. A equipa-base está montada, quase 3 meses depois desta fase incial. Peseiro assentou ideias e apresentou o tal futebol-espectáculo. Sim, é o Sporting quem joga melhor em Portugal. A bola flui naturalmente. O médio criativo tem sempre, pelo menos, 2-3 linhas de passe (avançado, outro médio criativo e lateral). Posse de bola mantida acima dos 55-60% e muitos remates feitos à baliza. O problema é quando se perde a bola originando contra-ataque adversário. Aí é o cabo dos trabalhos porque não há compensação suficiente na equipa do Sporting: Custódio (bela época) não chega a todo o lado, Rui Jorge e Rogério são lentos a recuperar posições, os 3 médios ofensivos não têm (naturalmente) grande vontade em voltar à posição natural o mais rápido possível (talvez Rochemback o sinta). Muito se tem falado sobre o facto do Sporting defender mal. Se estudarmos os recentes golos sofridos, são bolas paradas, faltas de atenção ou falhas de eficácia defensiva e não lances de ataque continuado. Até porque o Sporting não permite ao adversário estar muito tempo a atacar. Mas o seu problema tem sido não concretizar toda esta qualidade em eficácia.
Lembro-me de chegar ao final do jogo Nacional-Sporting e pensar: Peseiro, ao arriscar tudo com apenas 10 jogadores, incutiu o golpe final de mentalidade ganhadora nos jogadores. Perderam, é um facto, mas psicologicamente era fácil recuperar os jogadores daquela derrota. Provou-se com a boa vitória em Barcelos. Depois, a ida à Luz para a taça: grande primeiro tempo, lesão de Custódio, sofreu uma quebra mas manteve um bom nível de jogo. Teve-o na mão e deixou-o fugir. Lotaria dos penalties...derrota e eliminação de um dos objectivos da época. Pensei: bom, provaram que são melhores que o Benfica, também não será difícil recuperar os jogadores...mas já são duas... Por fim, vencer o Setúbal em casa, dava-lhes a liderança. Massacraram em termos de chances de golo, falharam golos escandalosos, sofrem um golo de meio campo e marcam um de...auto-golo! Final do jogo e Peseiro adopta o seguinte discurso (demasiadamente) optimista: "Massacrámos o adversário, a jogar assim seremos campeões!"
Concordo com o mister, mas o que o Sporting demonstrou nos últimos 15 dias foi uma grande falta de "killer instinct" (instinto esse que também tem faltado aos seus rivais directos). É a equipa que melhor joga futebol, isso dá-lhe uma grande vantagem para vencer o campeonato. Mas, a continuar assim, se o conseguir, é por maior demérito dos demais do que por mérito próprio.

Comentários:
Tenho algumas dificuldades em abordar a questão José Peseiro, mas já é bom sinal não ter qu me referir a ele como o problema José Peseiro (como já tive oportunidade de escrever antes). A época começou, e francamente eu olhava para o trabalho de José Peseiro e não via grande futuro. Via um meio campo com excelentes valores, mas que sofria com a falta de Rochemback; Via apregoarem grande rigor defensivo, mas olhando para os elementos da defesa leonina, via Beto lesionado, Rui Jorge cansado, Polga com as habituais falhas defensivas (aquele jogo aéreo... dá um novo sentido à expressão andar com a cabeça no ar), Enakarhire que apareceu muito tarde na época e como um erróneo defesa direito, Hugo sempre mal amado (embora o considere altamente eficiente) - em suma desconfiava-se que não era para durar, tanto acerto (ou tanta ineficácia de atacantes em pré-época). O ataque não fazia golos, mas Liedson teve uma pré-época cheia de lesões e fadigas musculares, e como hoje está comprovado isso faz toda a diferença - Liedson Resolve.
Veio o primeiro jogo, e o Sporting venceu por 3-2, com uma excelente exibição, em que mais uma vez complicou o que era fácil. Lembro-me de ter pensado que era daquilo que estava à espera desde o início, mas fiquei ligeiramente desconfiado, porque as exibições na pré-epoca tinham sido tão más, que aquilo era passar do 8 ao 800. O Gil teria sido o adversário ideal (ou melhor, Luís Campos foi o adversário ideal). Os próximos jogos deram-me vontade de ir a Alvalade e organizar um motim, para correr com o treinador. DE repente volta Roca, e o SCP nasce das cinzas. Tudo se altera radicalmente, e o SCP começa a jogar bom futebol. Pela primeira vez, a paciência dos dirigentes deu frutos, e o futebol do SCP tem sido sempre a crescer. Tudo perfeito? Não, nem poderia ser, senão o futebol deixava de ser uma ciência com contornos indefinidos. Estes últimos passam pela mentalidade dos jogadores, e os do Sporting efectivamente não sabem ganhar (alguns há que sabem, mas outros...), e isso normalmente é apelidado de falta de classe. Já há algum tempo que refiro esse facto, mas ouvindo jogadores e técnicos do SCP facilmente chegava à conclusão que naquela casa ninguém pensava assim. Agora, após mais um tropeçar, já se começa a ouvir esse discurso (de fora para dentro) e isso pode ser benéfico para o clube e seus respectivos jogadores. Tanto tropeção junto, à partida já teria significado a morte do artista, mas a conjuntura do futebol português deu tempo ao Sporting para crescer como conjunto. Terá esse tempo sido bem aproveitado? E continuarão os adversários directos a dar tempo ao Sporting? O tempo o dirá, mas o novo começo do Porto, é uma excelente notícia para o Sporting (no fundo, os dirigentes do Porto não tiveram a paciência que os do SCP tiveram - o hábito de ganhar faz isso, retira paciência).
 
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