controvérsia futebolística

Já aqui se falou em Boavista, Marítimo e Guimarães (fora 3 grandes). Chegou a vez do actual líder da Superliga.
É um caso estranho, difícil mesmo de se explicar. Um projecto iniciado o ano passado por Jesualdo Ferreira, muito criticado desde o início e assobiado ao mínimo deslize. A razão é simples: Jesualdo não gosta de convencer ninguém. É homem de ideias fixas, teimoso, fiel ao seu sistema onde a única coisa que altera é o posicionamento do 3º homem de meio campo. Gosta de jogar um futebol directo com 3 homens na frente, mas ao mesmo tempo tem das equipas mais tecnicistas da Superliga.
Na baliza Paulo Santos. Não convence muita gente mas tem feito uma boa época.
Depois, na defesa um quarteto muito unido: Abel, lateral aguerrido, sobe e centra bem, não é rápido mas é muito esforçado e lutador. É um bom jogador pecando um pouco em termos de altura. Do outro lado Jorge Luíz. Já sem a concorrência de Kenedy, é um brasileiro bom tecnicamente, com bom tackle, por vezes demasiado agressivo. Sobe muito bem sendo um óptimo apoio a Wender. A dupla de centrais tem Nem (lento mas com bom sentido de colocação e de orientação da defesa) e Nunes (muito bom na marcação, central rijo e com óptimo jogo de cabeça). No banco a opção Paulo Jorge que é um misto dos 2 titulares: bom jogo de cabeça, rijo e lento). No meio campo, o melhor recheio: Luís Loureiro, Wandinho e a surpresa João Alves. Luís Loureiro é o menos influente, apesar disso fecha bem as subidas dos laterais e compensa no centro graças ao seu jogo de cabeça. Um razoável cabeça-de-área. Wandinho é diferente: é "pau para toda a obra"! Joga, normalmente, como médio volante, mas já o vimos a a fazer de cabeça-de-área e até já esteve na lateral. Corre inúmeros Kms e sabe soltar jogo para a frente. A seu lado, a revelação João Alves. Bom tecnicamente, tem revelado óptimo sentido de orientação numa zona nevrálgica como o centro do terreno. Excelente passe, fundamentalmente a soltar jogo nas alas. Bom nas bolas paradas, tem sido uma das revelações do campeonato. No banco, várias opções: a experiência de Barroso (já não é o de outrora) e de Castanheira e ainda a criatividade de Cândido Costa e de Jaime, se necessário. Este último é o titular do lado direito do ataque. Joga por dentro, pois é ele que dá mais imaginação à equipa. Mas, em jogos importantes é mais útil a sua influência do que, por exemplo, a de Paulo Sérgio que este ano tem sido preterido para o banco muitas das vezes. Do lado esquerdo, Wender. A realizar mais uma excelente época, tem sido o maior desiquilibrador no ataque. Não raras vezes durante o jogo, e com a movimentação da equipa, vemo-lo na frente ao lado de João Tomás, recuando Jaime para fazer um quarteto a meio campo. João Tomás está igual a si mesmo. Capaz de marcar fantásticos golos de cabeça (como no Dragão) ou de falhar chances claras (Porto na 1ª volta), é o típico ponta-de-lança com uma vantagem: corre e trabalha muito para a equipa. As opções no banco resumem-se a Cesinha (veloz e ágil, aproveita o desgaste das defesas provocados pelas movimentações de Wender e João Tomás), Baha (um pouco aquém das expectativas, parece inadaptado ao esquema da equipa) e Cícero que entretanto já partiu.
É no ataque que a qualidade abunda mas as alternativas escasseiam. A dependência da equipa na veia goleadora de João Tomás e Wender é por demais evidente (15 em 29 golos). A recente chegada vindo da equipa B de Edinho pode ajudar mas não deverá ser suficiente para oferecer garantias máximas.
Foi através de um sistema rígido (mal amado pelos adeptos bracarenses) que Jesualdo Ferreira chegou ao topo da liderança. Certamente não chegará ao final do campeonato nessa posição, mas o trabalho que tem feito nos últimos anos em Braga é de destacar. Já disse que têm o plantel mais forte da Superliga a seguir aos 3 grandes. Para além disso, têm outra vantagem: a equipa-tipo é a mesma há já algum tempo.