domingo, janeiro 09, 2005

DERBY_O Jogo

Pouco antes do jogo começar, as dúvidas dissiparam-se:
José Peseiro não arriscou a presença de Enakharire e apostou em Beto. Sinal de maior confiança no sub-capitão. O balneário, consciente da sua importância, perdoou Liedson e este resolveu.
Do outro lado, Giovanni Trappatoni deu a titularidade a Quim, Alcides, Bruno Aguiar e Nuno Gomes. Destaca-se o facto destes 4 jogadores (e ainda Ricardo Rocha) não terem participado em mais de 10 jogos nesta época da Superliga. A dupla de centrais também era nova e nunca havia sido utilizada em conjunto.
O jogo começa e o Sporting cria perigo logo aos 2 minutos. Com mais uma unidade no meio campo (4 para 3), visto que Simão e Geovanni jogavam a extremos e próximos de Nuno Gomes, o Sporting controlou a maior parte do primeiro tempo. Não massacrou, longe disso, mas soube manter a posse de bola e o Benfica longe da baliza de Ricardo. Durante essa pressão, Manuel Fernandes entra de carrinho a Liedson e vê amarelo (aceitável apesar do teatro do brasileiro). Aos 21 minutos, num lance rápido e simples, Rochemback cruza da esquerda, Ricardo Rocha tenta antecipar-se a Liedson, falha clamorosamente e o "Romário de Alvalade" marca um belo golo de cabeça. Quim não teve chances. Com o estádio em polvorosa, Simão entra finalmente em jogo...para protestar e ver amarelo. Duarte Gomes nem deu chances aos jogadores de dialogarem com ele (foi coerente nesse aspecto apesar de ter permitido discussões entre os jogadores - Beto, João Pereira e Hugo Viana é um exemplo). Pouco depois de chegar à vantagem, o Sporting deixa-se empatar. Beto tenta desarmar Geovanni, a bola sobra para Manuel Fernandes que solta em Nuno Gomes que parte de posição bastante discutível (na minha opinião, em linha). O árbitro auxiliar deixou seguir (terá tido dúvidas?) e Ricardo não teve hipóteses de evitar a igualdade. Quase sem saber como, o Benfica põe o jogo novamente na estaca 0.
3 minutos depois do golo do empate, Rochemback agride Petit na cara enquanto mantém o controlo da bola. Duarte Gomes nada assinala. Aos 35 minutos, Geovanni desmarca-se de modo a ficar cara-a-cara com Ricardo, mas é ligeiramente puxado por Rui Jorge. A mão do defesa esquerdo está lá e é visível na televisão. Será que Duarte Gomes não estava encoberto pelo corpo de Rui Jorge? Este é, quanto a mim, mal expulso pois Geovanni não tinha o controlo da bola. Numa altura em que se esperaria um crescimento da equipa do Benfica, o Sporting continuou mais dominador. Hugo Viana desceu para defesa esquerdo, conseguiu suster Simão, mas a equipa ficou algo nervosa e excedeu-se em protestos. Beto e Hugo Viana viram amarelo ainda antes do intervalo por isso mesmo.
Depois do intervalo esperava-se em campo Paíto e...Karadas. O norueguê continuou de fora, o moçambicano rendeu Douala (muito apagado, para render em jogo grande tem de jogar mais na linha) e o Sporting ficou num 4*4*1 com Carlos Martins e Rochemback preponderantes na movimentação ofensiva, sempre com os olhos postos em Liedson. O Benfica não mexeu e manteve gente a mais na defesa. A solução era óbvia: passar a 2 trincos e avançar um homem para as costas do ponta-de-lança (ou mesmo para o seu lado). Aos 60 minutos, Manuel Fernandes discute a bola com Rogério, comete falta e Duarte Gomes poupa-lhe o segundo amarelo (prevaleceu o critério do "amarelo só aos carrinhos e protestos"). Pouco depois, Liedson passa por Alcides, este puxa ligeiramente a camisola do brasileiro e este cai. Ao seu lado, chegavam João Pereira e Bruno Aguiar. Não consciente disso, e tentando seguir o critério do primeiro tempo, Duarte Gomes expulsa o central benfiquista. Quanto a mim foi mal expulso (se Duarte Gomes optasse por considerar simulação dos avançados, Liedson seria expulso neste lance).
Por esta altura, Carlitos encontrava-se junto à linha lateral pronto a entrar. Trappatoni ia mexer, mas será que ia arriscar (Parece-me que saíria Geovanni...)? O Benfica fica desorientado, Petit passa, momentaneamente, para central e numa perda de bola de João Pereira (após passe à queima de Petit), Rochemback centra ao segundo poste, Carlos Martins, solto, centra novamente e Liedson resolve o jogo. 2 minutos depois entram Argel (já com amarelo por protestar enquanto aquecia) e Carlitos para os lugares de Bruno Aguiar (apagadíssimo) e Geovanni. Na resposta esperada do Benfica, nota-se a falta de inspiração de Simão na marcação de um livre perigoso e o desgaste nítido de Nuno Gomes, com falta de ritmo. A 10 minutos do fim, lançam-se as últimas apostas: Sá Pinto (por Carlos Martins, homem por homem) e Mantorras (saída do lateral João Pereira, recuo de Carlitos).
O jogo torna-se agitado, até demasiado irrequieto, as equipas partem-se ao meio (esteve mal o Sporting em não manter a ordem e calma) e surgem as últimas chances. Mantorras mexeu bem na frente, e cabeceou ao lado. Polga tentou, sem sucesso, o chapéu a Quim. Pouco depois, o jogo termina e o Sporting é considerado, unanimemente, um justo vencedor.
Duarte Gomes foi coerente durante todo o jogo e esteve num plano bom. Alguns erros de pormenor mas coisa pouca. Dúvidas nas expulsões, nas faltas que dão origem a essas mesmas expulsões, no golo de Nuno Gomes, no segundo amarelo a Manuel Fernandes e pouco mais.
José Peseiro jogou pela certa (Beto e Liedson de início, Douala por Paíto) e manteve o losango de meio campo até ao fim. Afinal, era nesse factor que o Sporting era muito superior ao Benfica).
Giovanni Trappatoni arriscou pouco enquanto devia, ficando na dúvida quem saíria para Carlitos antes do 2-1. Não soube aproveitar a superioridade numérica para igualar a luta a meio campo.
Liedson chegou, marcou e resolveu. Perdoado para sempre pois a vitória foi frente ao rival. Fez lembrar os bons tempos de Romário.
Simão voltou a mostrar que não tem personalidade para os grandes jogos. Raramente apareceu e não foi o líder (dentro de campo) que a equipa precisava.



Comentários:
O Sporting-Benfica foi um bom jogo de futebol. É importante que se comece com esta ideia. Houve futebol. Houve sistemas tácticos, houve golos, existiram reacções a esse golos, foi um jogo que teve nuances que obrigaram a movimentações tácticas (mormente, as expulsões e até a marcha do marcador), existiram jogadores que desempenharam bem o seu papel, outros que terão estado menos bem, treinadores que reagiram melhor, outros cuja reacção não terá sido a esperada. Teve até lances polémicos para condimentar a coisa... FUTEBOL!!
José Peseiro escalou um Sporting sem Enakarhire no 11, entrando Beto para o seu lugar. Manteve a estrutura do Sporting, já que esta lhe havia trazido bons resultados recentemente. Giovanni Trapatonni trouxe uma novidade para o jogo com o Sporting: O enorme respeito pelo meio campo adversário (opção que se compreende e aceita).
O Sporting, importa dizê-lo~, não se dispõe em losango no meio campo, porque um meio campo em losango implica 3 linhas nesse meio campo (1-2-1), e o meio campo do SCP organiza-se em somente duas linhas (1-3). A razão disto, é que o movimento pedido a Rochemback é também o de compensar nas alas, no plano defensivo. Portanto o SLB incidiu a marcação nessa linha de 3 homens do SCP (embora não se percebesse muito bem quais os pares, pois o meio campo do SCP não pára quieto...) - Petit tinha a missão de fechar no meio, Bruno Aguiar mais à direita e Manuel Fernandes mais à esquerda, o que significava qualquer coisa como: Petit-Roca; Aguiar-Viana; Manuel Fernandes-Martins... Embora me parecesse que a marcação destinada a cada um destes era a zona. Para Custódio ... descanso absoluto, até porque só havia um avançado. Simão à esquerda, Geovanni à direita e Nuno Gomes na frente. O que se pedia aos médios do Benfica era que fizessem a bola chegar às alas rapidamente através de passes longos, ou seja um futebol mais directo, pois não existia quem fizesse a ligação meio campo-ataque. Quanto ao SCP, nada de novo. Os 4 de trás tinham alvos bem definidos (Centrais para Nuno Gomes, laterais para cada um dos extremos), Custódio estava a mais, sem nada para fazer do plano defensivo (Até tinha, dobrar nas laterais, mas para isso era preciso que os laterais subissem mais, e que os médios do Benfica lá fizessem chegar a bola), e os três médios com a missão de se cruzarem em diagonais constantes para confundirem marcações. Foi conseguido. Os médios do SCP tiveram muita liberdade para trocar a bola, chegavam com facilidade às linhas, deixavam os médios e laterais do SLB a perguntar quem marcava quem (aqueles laterais não podiam estar lá, só à espera que Douala aparecesse para jantar). O jogo começa, e embora o SCP não criasse gde perigo, jogava no último terço do campo adversário e o golo era esperado. Aconteceu com naturalidade - Gde passe de Beto (excelente jogo) a desmarcar Rochemback (movimento cruzado com Hugo Viana- João Pereira sem saber com quem ia, Petit e Aguiar em terras de nenhures), bom cruzamento e grande golpe de cabeça de Liedson. As movimentações e a dinâmica ofensiva trouxeram esperados frutos.
4 minutos depois, num lance fortuito (perda de bola a meio campo, com o ressalto a cair em Manuel Fernandes) o SLB chega ao empate (Nuno Gomes está fora de jogo, mas o àrbitro auxiliar cumpriu a regra de em caso de dúvida deixar seguir o lance - eu tb tive dúvidas na altura, e os erros acontecem). A partir daqui o SCP descontrolou-se. Os seus médios deixam de jogar sem bola e passam a apostar nas acções individuais. O Meio campo do Benfica começa a ter mais referências na marcação e começa a recuperar a bola mais cedo, e o Benfica cresceu e mandou no jogo. Num desses lances Petit segue o guião e faz um passe rápido e para a linha a explorar a velocidade dos seus extremos (ou a falta dela de Rui Jorge...que por acaso vinha fazendo um belíssimo jogo) e Geovanni é derrubado por Rui Jorge em lance que só poderia dar vermelho. E aqui pedia-se acção aos dois treinadores. Peseiro, não quis forçar a substituição e recuou Viana para a defesa, e pôs Douala a fazer de Viana. Trapatonni teve uma ideia de génio (?!?) e trocou Simão de flanco com Geovanni... e pediou aos seus médios que perante a superioridade numérica continuassem preocupados em marcar o homem e a bombear bolas para o ataque... Nesta altura podia ter pedido a Simão para se colocar no meio atrás dos dois avançados Geovanni e Nuno Gomes... O Benfica seria tão mais perigoso. Mas Douala não está talhado para diagonais no meio campo e naquela posição preocupou-se mais em defender, e nessa altura João Pereira começou a subir mais. Ou seja a dinâmica do SCP desapareceu por completo e o Benfica numa excelente jogada, quase desfazia o empate (Simão... teve a classe de um elefante a atravessar um quintal de rosas). Com o intervalo Peseiro sacrifica Douala, troca Rochemback de posição com Carlos Martins, devolve Viana ao lado esquerdo do meio campo e diz a Paíto para se preocupar com a velocidade de Geovanni. Trapatonni desejou boa sorte aos seus jogadores. A opção de Peseiro coloca o SCP a jogar em 4-4-1, com Carlos Martins a assegurar a Liedson um apoio necessariamente maior do que a condição física de Roca lhe permite. O Benfica volta a ter que se preocupar com a dinâmica do meio campo, e diz ao Sporting para atacar, pois estava lá para defender. Geovanni claramente estava a mais, e o que Peseiro pretendia era que Trapatonni abdicasse de um defesa (Liedson para 4) lateral... Se trapatonni tem feito isso era a morte do artista, pois a lateral que ficasse descoberta ia ser atacada pelo médio interior desse lado, e pelo lateral (estava visto que quem sairia era João Pereira...). Trapatonni não caíu. Mas estava mais preocupado em não cair, do que em fazer Peseiro cair. Não entrou ninguém para a posição 10, a articulação entre o meio campo e o ataque não existia, e toca a bombear se conseguissem ter bola... só que não conseguiram. O SCP parecia que jogava com 13... Os laterais começam a subir, aproveitando o facto de Custódio poder compensar as suas subidas, e num desses lances Rogério constroi a jogada que leva à expulsão de Alcides (expulsão muito forçada - aliás injusta: o amarelo bastava, porque houve falta). Logo a seguir, o SCP faz golo - Rochemback cruza da esquerda, após subida de Paíto, Petit foi com ele... Carlos Martins recebe solto no sítio aonde estava Fyssas - entretanto deslocado para central para suprir a ausência de Alcides, e do lado aonde não havia lateral, afinal o que se pedia a Trapatonni para fazer, surge o golo - afinal o que Peseiro procurava - Excelente colaboração de Petit, que foi contestar o centro, quando já lá estava um lateral para o fazer, e ainda correu que nem um doido para colocar Liedson em jogo - o pecado dos médios do Benfica? Querer estar em todo o lado, e não estar em lado nenhum (foi assim o jogo todo, com excepção dos 15 minutos finais da primeira parte). Até ao final Trapatonni mexeu, mas a ideia ficou era que a haver um golo seria para o SCP, embora Fyssas tenha visto Ricardo proporcionar a Polga a defesa da noite (que saída foi aquela??). O jogo partiu-se, por culpa dum SCP que continua a revelar falta de maturidade em situações de vantagem - para quê tanta correria? - e a dificultar o que parece fácil. Trapatonni... 3 defesas, dois médios e 4 homens lá à frente?? Como é que era suposto a bola chegar do meio campo para o ataque? Quanto a Peseiro, pediu à sua equipa para ter cabeça e se manter compacta, de preferência longe da baliza e a sensação que deu foi que alguns elementos entenderam e outros não (Sá Pinto e Paíto só queriam correr). Ganhou aquela que, de longe, foi a melhor equipa e melhor interpretou uma velha máxima: O futebol é um desporto colectivo.
 
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