quarta-feira, janeiro 19, 2005

Balanço_2

Chegados a meio do campeonato, é altura de perceber como evoluíram as equipas e compreender o que podem elas fazer na segunda metade da época.
Porto (incoerente): o campeão europeu nada fez, a nível interno, que provasse esse estatuto: apesar de ter demonstrado clara superioridade frente a Benfica e Sporting, tem perdido pontos com equipas que lutam para não descer (Estoril, Académica, Beira Mar) e já teve 2 derrotas no Estádio do Dragão (consecutivas, depois de 2 anos invencível em casa!). Por cada peça que saíu, uma parecida entrou, inclusivamente agora em Janeiro (Pitbull e Leo Lima por Derlei e Carlos Alberto). Conseguiu a proeza de contratar 3 defesas esquerdos na mesma época (Areias, Rossato e Leandro). É 1º classificado mas com este rendimento muito dificilmente será campeão. Apesar disso, ainda não perdeu fora de casa e é a equipa que, nessa condição, mais pontos alcançou. De destacar também que já venceu os seus dois rivais directos e tem 5 deslocações difíceis na 2ª volta (Leiria, Restelo, Alvalade, Bessa e Vila do Conde). Dos 3 candidatos, tem o calendário mais acessível a encerrar o campeonato. Actua, definitivamente, num 4*4*2, de modo a tentar rentabilizar a criatividade de Diego e a eficácia goleadora de McCarthy e Fabiano (em nítido sub-rendimento), não havendo espaço para Quaresma, o jogador que mais desiquilíbrios tem feito na equipa.
Sporting (progressivo): Começou mal com Peseiro a ser duramente criticado, Pinilla e Douala a não renderem, Roca e Beto de fora por lesão, mas rapidamente encarreirou e pratica, neste momento, o melhor futebol da Superliga. Roca voltou, Douala facturou, Carlos Martins explodiu e, claro está, Liedson resolveu vezes sem conta. Chegou a mota mas o BMW já lá está à porta. Liedson tem sido o homem do campeonato e os sportinguistas nem querem pensar no seu "Romário" lesionado. O peso de Roca também é significativo e a dependência nestes 2 homens pode mesmo decidir o título. Para lá chegar, tem, neste momento, mais atitude e confiança do que os seus rivais. Falta-lhes o "savoir faire" necessário para saber estar em vantagem e não perdê-la...
Benfica (intermitente): Afinal o plantel não ficou assim tão melhor do que o ano passado. Os reforços são homens de banco mas alguns deles nem para isso servem. Muito fustigado por lesões, sempre que viveu um momento grande, vacilou e tropeçou. Assim foi com Porto, Sporting, Rio Ave e na Europa. A alegria de recuperar Mantorras é um enorme alento para o balneário. Com o plantel operacional, é forte candidato ao título mas se falha uma peça vital...tal como o Sporting, também tem as suas "prima donnas": Miguel, Luisão, Petit e Simão. Este não desiquilibra tanto como dantes mas continua a ser fundamental por todas as razões. Argel, Zahovic e Sokota já saíram e, em termos de rendimento esta época, rapidamente serão esquecidos. Até porque os substitutos já aí estão. Só terá chances de chegar ao título se não tiver mais lesões nas peças fulcrais e se, pelo menos, um dos reforços de Janeiro seja peça importante na equipa.
Braga (suissinho): Primeiramente, os factos: 3º melhor ataque, 2ª melhor defesa e apenas uma derrota fora de portas.Depois, os pormenores: das duas vezes que pôde assumir a liderança, baqueou em casa frente a equipas de menor expressão. É certo que não é candidato ao título mas falta-lhe a "mentalidade assassina". Defende muito bem (às vezes demasiado fechado) e tem um óptimo contra-ataque. De espantar ver tão pouco Paulo Sérgio e Jaime, mas o rigor tem imperado. Cesinha e João Alves têm sido agradáveis surpresas. O top-5 não lhes deverá fugir, apesar de, ao mínimo deslize, Jesualdo Ferreira sentir os pés a tremer (por culpa dos sócios).
Boavista (enigmático): O mais enigmático da Superliga. Ja foi líder, mas também já esteve na 2ª metade da tabela. O facto de ter ganho 5 jogos (em 9 vitórias) no último minuto deixa um dilema: lutadores por natureza ou afortunados? O plantel tem qualidade técnica (João Pinto, Zé Manel, Toñito, Guga) mas esta não é valorizada no esquema de Jaime Pacheco. Ele que foi a casa dos 3 grandes jogar em todos de maneira diferente e só trouxe um resultado positivo naquele onde se defendeu mais...é um caso difícil de explicar, mas certamente conseguirá atingir a meta (não assumida) europeia.
Marítimo (mecanizado): Começou muito bem a Liga, com Mariano Barreto a surpreender pela positiva. Revelaram-se Wénio, Manduca e Leo Lima (transferido para o Porto). Até Luís Filipe se habituou a lateral. Mas, com o passar dos tempos, foi perdendo força. Apesar disso, continua a manter um bom nível qualitativo e é forte candidato à Europa. Dependerá também do reforço Márcio (ex-Santos) para substituír Leo Lima.
Rio Ave (vivaço): Carlos Brito continua a surpreender pela positiva. Apesar de ter perdido jogadores importantes, soube dar a volta e apresenta um futebol de topo na Superliga. Ricardo Nascimento tem sido o expoente máximo mas Franco, Miguelito, Niquinha e Paulo César não têm ficado muito atrás. Empatar no Dragão e na Luz é sinal de grande mérito, ainda para mais da forma como foram conseguidos. Pela qualidade do futebol merece a Europa mas será que morrerá na praia como da última vez?
Setúbal (bom exemplo): Os salários em atraso e o excesso de responsabilidade sobre os ombros poderão ter pesado no mau período que têm passado os sadinos. A novela-Jorginho também não tem sido positiva. De destacar Manuel José e Ricardo Chaves, duas agradáveis surpresas numa equipa de futebol alegre e bem jogado. Joga num 4*2*3*1, mas se perder Jorginho terá de encontrar uma solução plausível (entrada de 2 pontas-de-lança ou passagem a 3 médios centro?). José Couceiro continua a justificar o estatuto de um dos treinadores mais equilibrados da Superliga. O objectivo deverá passar pela primeira metade da tabela.
Leiria (continuidade): Grande trabalho de Vitor Pontes, tantas foram as vezes que vimos o Leiria recuperar de uma desvantagem. Nenhum dos 3 grande lhe ganhou, apenas perdeu 4 vezes, mas a malapata do Magalhães Pessoa terá de ser ultrapassada de modo a poder assumir o objectivo-Europa. Equipa bem organizada num 4*3*3 muito móvel com 2 unidades do miolo capazes de provocar desiquílibrios, tanto defensiva, como ofensivamente (Caíco e Edson). Adapta-se muito bem ao 4*4*2.
Guimarães (inconstante): Manuel Machado reclama para si o sistema mais ousado da Superliga (4*1*3*2) e tem conseguido bons resultados com ele. Apesar da insegurança defensiva, o ataque já está mais equilibrado. Apesar de utilizar um sistema e jogo bem aberto, marca e sofre poucos golos (a par do Leiria com 35 golos nos seus jogos). Fez lançar o jovem Targino, mas poderá perder Nuno Assis para o Benfica. Se tal acontecer e Marco Ferreira reaparecer em forma, a solução poderá passar pelo deslocamento de Luís Mário (bom campeonato) para o centro do terreno. Está a subir de forma mas dificilmente terá condições para chegar a um lugar europeu. Deverá mesmo ficar a meio da tabela.
Nacional (desmoralizado): Um caso estranho na Superliga. Rondinelli e Ferreira chegaram como grandes reforços, mas já partiram. Problemas na discoteca, baixo rendimento das peças fulcrais (Serginho e Adriano), inadaptação de alguns brasileiros têm condicionado a estratégia do já ex-treinador Casimiro Mior. A rigidez táctica deste também foi "culpada" deste abaixamento de resultados. As 3 vitórias consecutivas deixam antever ao novo técnico João Carlos Pereira um trabalho determinado e capaz de pôr o Nacional a lutar pela Europa (muito difícil), mas quando a meta do Presidente era ficar à frente de um dos 3 grandes e se conseguem 3 pontos em 24 possíveis fora da Madeira...
Penafiel (surpreendente): Individualmente não tenho dúvidas: é a equipa mais fraca da Superliga. Já depois do começo do campeonato, conseguiu reforça-se com Fernando Aguiar e Sidney mas continua a ter muitas lacunas, não deixando, contudo, de ser um conjunto interessante. Luís Castro até tem agradado, mas também não tem marcado a diferença (não que fosse de esperar). Wesley é figura de proa mas nem por isso deixa de conhecer o sabor do banco. Por esta e outras razões, o Penafiel é e funciona como uma equipa, o que já lhe proporcionou 3 vitórias fora (tantas como em casa). Se o Porto é recordista de defesas esquerdos, o Penafiel bate o record de extremos-esquerdos: 4! (Folha, Drulovic, Edgar Marcelino e, mais recentemente, Pascal). Tem 2 hipóteses: ou faz uma 2ª volta melhor em casa, ou mantém a prestação nos jogos fora. Uma das duas bastará para se manter na 1ª Liga. Ainda não esteve em posição de descida o que é de realçar mas será que aguenta o ritmo?
Gil Vicente (contraditório): Um dos plantéis mais desiquilibrados da Superliga. Comparar Carlitos, Fábio e Júlio César (entretanto saíram), Paulo Costa, Luís Coentrão e Nandinho com Rovérsio, Sidraílson, Gregory e Marcos António faz-nos pensar nos desiquilibrios patentes no plantel. De qualquer forma, a sua defesa é menos batida que a do Sporting e está a um golo da do Benfica! E o ataque encontra-se nos 5 piores. As individualidades já não são o que eram...Ulisses Morais tem feito um trabalho muito positivo e promete bons resultados no futuro. As portas da descida estão perto mas o Gil Vicente tem condições para saír da situação de aperto. Deverá garantir a manutenção.
Estoril (alegre): Começou bem o Estoril, já "empatou" Porto e Boavista fora de portas, mas tirando a vitória em Moreira de Cónegos, sofreu derrotas nas outras 6 saídas da Amoreira. O problema N'Doye foi bem resolvido dentro do balneário, dentro de campo ainda se nota a ausência do senegalês. Tem andado sempre acima da linha de água mas será difícil conseguir a manutenção. O esquema que apresenta permite aos laterais serem dos mais ofensivos da Liga. Mantém o 4*2*3*1 mas facilmente passa ao 4*2*4. Litos é o técnico que menos problemas tem em mexer aos 20 minutos de jogo, se preciso for. Erro seu de casting ou grande conhecedor do balneário que possui? Fica a incógnita...
Belenenses (oscilante): E ao último jogo da 1ª volta venceu fora de portas! Tem oscilado muito e pecado por alguma juventude da sua linha recuada. Sofreu com as ausências, por lesão de Lourenço e Rodolfo Lima, e por castigo/dispensa de Brasília. Agora com Catanha e Paulo Sérgio promete ser uma equipa com mais soluções mas deverá manter o esquema de 4*4*2 losango. Se conseguir atingir a primeira metade da tabela já será muito positivo. Através do seu sistema de puro contra-ataque precisa de conquistar mais pontos fora de portas.
Moreirense (fraco): Contrariamente ao que antevi, Vitor Oliveira tem durado no lugar. A equipa joga mal, marca pouco, mas já conseguiu subir na tabela e ultrapassar Beira Mar e Académica, 2 equipas que, curiosamente, já sofreram "chicotadas psicológicas". O reforço da equipa com Nei e Eriverton não parece suficiente. Apesar disso, passar em Moreira de Cónegos tem sido tarefa difícil (apenas o Estoril ganhou), mas os 5 empates em 8 jogos indicam que também não é muito chata a viagem. E aqui está a possível salvação do Moreirense: os jogos em casa. Se conseguir encarreirar em Moreira de Cónegos, possivelmente poderá se salvar da descida. Se não o fizer, dificilmente conseguirá marcar a diferença fora de portas até porque ainda só obteve 5 pontos nessa condição. O problema será ter de receber os 3 grandes + Braga e Marítimo...
Beira Mar (desilusão): Será desta Luís Campos? Depois do insucesso na mesma época em Setúbal e na Póvoa do Varzim e uma passagem pouco fugaz em Barcelos, será o jovem promissor (?) treinador capaz de salvar o Beira Mar? Para já o começo não é positivo com 2 derrotas. A chegada de reforços e o discurso (demasiado) optimista de Mano Nunes poderão impulsionar a equipa para outro patamar. Será mesmo possível? Sem dúvida, o grande desafio de Luís Campos. Depois das cenas tristes em Barcelos ("eu tenho tomates!"), tem 1001 razões para conseguir ter sucesso. É que se não tiver os cartuchos esgotam-se...
Académica (negra): Os resultados estavam aquém, Nelo Vingada estava livre e foi uma união fácil. O professor chegou e travou logo o Porto mas a falta de qualidade da equipa até assusta. A experiência de Dário, os flashes de Luciano, o gordinho Kenedy e os jovens Vasco Faísca e Zé Castro não chegam para uma equipa forte. o 4*3*3 parece ser a aposta de Vingada. Tal como Luís Campos, tem um desafio interessante.

Comentários:
2 pequenos reparos: Jaime Pacheco apresentou na Luz a equipa mais defensiva que alguma vez já vi (3 centrais, 2 laterais e 3 trincos... OUCH!!!) - Sendo que nas Antas a táctiva foi quase igual, mas com As seguintes alterações: Frechaut em vez de Nélson; Toñito em vez de Lucas (portanto, supostamente mais ofensivo); Cafu em vez de Hugo Almeida; Diogo Valente em vez de Zé Manuel.
A grande diferença (mais do que analisar peça por peça) é que no Dragão ficou com um jogador a mais antes do intervalo (expulsão de McCarthy), o que o fez lançar peças para o ataque, e permitiu à equipa soltar-se ; Já na luz ficou com um jogador a menos o que lhe permitiu mostrar como é mau treinador e levar 4 a zero (não gosto de Jaime Pacheco... e não sou o único: O Eto´o tb não gosta). Portanto ele obteve o melhor resultado, não onde se defendeu mais, mas sim onde o adversário o atacou mais (fisicamente falando, claro está).
Outra coisa: O grande substituto de Léo Lima chama-se Silas. Esse Marcio parece que é o subsituto do Peixoto (eheheheh).
 
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