controvérsia futebolística

Olhando para a classificação, concluímos que há muito tempo não víamos tanto equilíbrio no topo da tabela. Efectivamente, os 3 ditos grandes estão um pouco aquém das expectativas. Todos eles sofreram mudanças profundas no início desta época. Mudanças de treinadores, saídas de jogadores importantes (Deco, Ricardo Carvalho, Tiago, João Pinto) e até nas suas direcções (José Veiga e Ribeiro Telles).Ainda para mais quando aquilo que tinha sido alinhavado no início da época sobre os pontos fortes e fracos de cada um, tem sido ao contrário:
O Porto supostamente estaria mais fraco na defesa (saídas de Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira, novo modelo táctico de Fernandez) e teria um ataque muito forte, através das soluções que possui (Quaresma, Derlei, Postiga, Fabiano e McCarthy). Neste momento é a defesa menos batida do campeonato e só tem o 4º melhor ataque com Setúbal e atrás do Beleneneses.Estranho num plantel onde se falou muito sobre o excesso de opções ofensivas no início da época e hoje parece que são escassas. Postiga e Derlei estão sem confiança, Hugo Almeida ainda é muito macio, Fabiano só agora regressa de lesão e resta McCarthy que tem feito pelos outros 4 juntos. No meio campo, a dúvida permanente entre a criatividade ou a entrega. Diego e Carlos Alberto pouco têm jogado juntos (só com Carlos Alberto encostado à linha) e as suas exibições não têm sido consistentes, Maniche está fora de forma, Hugo Leal deixou de contar, Bosingwa trabalha muito mas falta-lhe desiquilibrar o meio campo, Costinha acaba por ser a única unidade ao seu nível habitual. Na defesa, Seitaridis faz esquecer Paulo Ferreira, o mesmo não se pode dizer de Areias ou Ricardo Costa que não evitam o fantasma de Nuno Valente. A ausência de Ricardo Carvalho tem sido bem compensada por...Pedro Emanuel. É que Pepe tem tido muitos altos e baixos e Jorge Costa perde ritmo a cada semana que passa. Fernandez tem previlegiado a rotação do plantel, nem sempre com muito sucesso.
O Benfica de Trappatoni imaginava-se muito seguro na defesa, incapaz de perder uma vantagem no marcador e venenoso no contra ataque. Possivelmente, dos 3 grandes, é o que mais encaixa com o que era “suposto” acontecer. Apesar de ser muito inseguro cá atrás, o Benfica tem a 3ª melhor defesa do campeonato, (a par do Braga) e um ataque apenas superado pelo Sporting (e igual ao do Restelo). A inconsistência a nível europeu não está tão descoberta dentro de portas, apesar dos últimos resultados terem sido de fraca qualidade. Trappatoni pode-se queixar das escassas opções que possui e do elevado número de lesionados . Apesar disso, o técnico italiano tem revelado facetas menos boas, principalmente quando chega a altura de mexer na equipa. A alternância entre o 4-2-3-1 e o 4-4-2 já seriam de esperar, mas a inconsistência da equipa chega a ser gritante. As soluções no banco (Argel, Amoreirinha, Everson, Paulo Almeida) já mostraram ser incapazes de trazer algo de novo ao Benfica e os titulares produzem muito pouco para o que lhes é exigido (Geovanni, Zahovic, Nuno Gomes e Sokota). As surpresas agradáveis de Karadas e Manuel Fernandes não disfarçam o que de mau se passa nas bandas da Luz.
Por fim, o Sporting é o maior contra-senso. Desde o início do ano que muito se criticou Peseiro, o seu modelo, a ausência de pontas-de-lança capazes de resolver, mas até ao momento, possuem o melhor ataque da Superliga com 29 golos, o melhor marcador em prova(Liedson com 11 golos), mas possuem também o 8º pior registo a nível defensivo. Logo num sector onde não houve saídas e até foi reforçado por Enakharire, um central bastante consistente. A rotatividade tem sido palavra de ordem para Peseiro. Este, tem sido menos criticado ultimamente, principalmente por estar numa fase boa de resultados. Apesar disso, é a equipa que melhor futebol pratica dado ter o meio campo mais criativo (e mais lento) dos 3 grandes.
No final do campeonato, ver-se-á se a rotatividade de Porto e Sporting se justificam (de notar que o Benfica não roda porque não pode!) e se o banco terá decisão final no campeão deste ano.
P.S. – Apesar de já muito dizerem que Setúbal, Boavista, Braga e Marítimo têm hipóteses de chegar ao fim como campeões, essa hipótese não é viável a meu ver. Apesar disso, não será de estranhar ver algum deles atingir o 3º posto se algum grande tiver um abaixamento de forma visível na fase crítica do campeonato.