controvérsia futebolística

Publicar um post sobre o Chelsea na 4ª posição seria de algum modo estranho não fosse as circunstâncias que circundam esse clube. José Mourinho, quer se goste, quer não se goste, marca indubitavelmente os jogadores, adeptos e dirigentes por onde passa. O modo de falar sobre o futebol, o modo como estuda as equipas adversárias, o modo como fala sobre quem trabalha com ele, etc são referências como poucos utilizam. Por isso, e por tudo aquilo que já falei sobre Mourinho, aquando da sua passagem pelo Benfica, é inevitável publicar uma crónica sobre um clube que sempre me agradou muito e um treinador que poderá ser considerado esta época como de topo mundial com apenas 4 ou5 anos de carreira (há quem já o considere com esse estatuto). Assim, Mourinho, quando decidiu que saíria do Porto, já tinha o país escolhido: Inglaterra. Faltava-lhe escolher o clube...tinha 2 opções: Chelsea e Liverpool. Escolheu a mais fácil...mas fê-lo não para poder ter grandes craques ou 11 galácticos. Escolheu porque sabia que teria quem queria, custasse o que custasse. Quando chegou ao Chelsea, Mourinho já tinha 2 jogadores comprados: Cech (que elogiou durante o Europeu em Portugal) e Robben (incógnita por não ter sido Mourinho a adquiri-lo). Na composição do actual plantel, Mourinho não esconde o seu modelo de jogo favorito: 4x4x2 losango. Tal e qual o Porto na Taça UEFA de há 2 anos. Na defensiva, Bridge e Paulo Ferreira (o seu investimento absurdo apenas serviu para rotulá-lo de "jogador de Mourinho") nas alas. Sobem os dois bem, fecham muito bem o flanco. Bridge é, inclusivamente, melhor que Nuno Valente. Alternativas: Babayaro e Johnson (as garantias ofensivas são mais fracas). No centro da defesa, Ricardo Carvalho e Terry, o novo capitão de equipa (qual Jorge Costa). Como opções, Gallas (central e não lateral como vimos no Euro), Huth e até Smertin. No fundo, a defensiva, que actuará como bloco, tem bons valores individuais na primeira linha mas as opções não se apresentam como muito consistentes. Passamos então ao meio campo: muitas opções, todas elas de centro, ou interior: Makelele e Smertin, como trincos; Geremi e Lampard, como interiores direitos; Parker e Tiago, como interiores esquerdos, Joe Cole como pivot (a desempenhar as mesmas funções de Deco. No ataque, quatro avançados muito móveis, cada qual com características muito específicas: Kezman, Gudjohnson, Mutu e Drogba. Dois jogadores não encaixam muito bem neste sistema: Duff e Robben. Dois grandes jogadores que, pela sua qualidade na extrema esquerda, não podem ser esquecidos. Por isso, Mourinho tem uma táctica-extra: o 4x3x3, tal e qual usou em 2002, mas, neste caso, o lado direito é "coxo". Aquando da contratação de Kezman, Mourinho referiu que ele também poderia jogar na direita. Outra opção é deslocar Mutu um pouco para a linha. As apostas de Mourinho irão passar, sobretudo, por quem? Apesar da dúvida na baliza, Cech parte em vantagem. A defesa titular está definida: Ferreira, Carvalho, Terry e Bridge. No meio campo, Makelele, Lampard e Cole parecem indiscutíveis. Tiago parte em desvantagem por causa da pubalgia, por isso Mourinho apostará em Parker (inteligência táctica) ou Geremi (força e pulmão) ou ainda Duff (jogando como interior esquerdo mas com liberdade para colar na linha). No ataque, as apostas maiores deverão recaír, sobretudo, em Kezman e Drogba, suas escolhas. Gudjohnson surge como primeira opçao à dupla e Mutu parte no ultimo lugar. Com todo o dinheiro do mundo disponível, Mourinho comprou 2 jogadores para a defesa que conhece bem e já trabalharam com ele (sempre fez isso por onde passou), 1 jogador de meio campo de quem conhece o seu potencial e 2 avançados fortíssimos, capazes de fazer muitos estragos em qualquer equipa. De qualquer modo, Mourinho não comprou nenhum galáctico (talvez Ricardo Carvalho, pela época que fez e pelo interesse do Real se assemelhe a tal) e fez muito bem, porque não haverá, neste momento, um jogador capaz de dizer que é superior ao seu rival directo.